Em grandes aglomerações públicas é comum observar a presença de policiais montados a fim de manter a ordem ou dispersar a multidão. Esses militares com seus cavalos fazem parte do Regimento de Polícia Montada Coronel Moura Brasil (RPMont), a Cavalaria da Polícia Militar do Ceará (PMCE), unidade especializada da corporação, que realiza as atividades utilizando o cavalo para a realização da segurança pública do Estado. O início do policiamento montado no Ceará remonta de 1838, bem próximo do surgimento da Polícia Militar do Ceará, que é de 1835. Desde então, o policiamento vem sendo utilizado para a realização da segurança pública, além das atividades dos projetos sociais dentro da corporação. Atualmente são 165 animais distribuídos no regimento da Capital e no pelotão do município de Crato.

O 1º tenente PMCE Rommel Arrais, oficial lotado no RPMont, explica que o treinamento dos animais inicia-se desde o nascimento, através de um processo chamado “imprinting”, que é o primeiro contato que esses animais têm com os humanos. “Este contato é fundamental para que o animal não sinta receio da presença do ser humano e com certeza vai colaborar muito para o processo de doma quando ele estiver adulto.”

Os animais são separados das mães com a idade de aproximadamente seis meses. Há uma divisão também entre os machos e as fêmeas. Ambos têm uma alimentação reforçada e suplementada, onde são preparados para o processo de doma propriamente dito. “Este processo de doma tem início por volta de dois anos de idade do animal e pode durar por cerca de um ano a depender da resposta do animal ao treinamento. Há animais, dependendo de sua individualidade, que possam precisar de um pouco mais de tempo de treinamento. Normalmente esse animal, com dois a três anos e meio estará apto para o policiamento”, detalhou.

O tenente Rommel explica que a Cavalaria da Polícia Militar do Ceará utiliza o processo de doma racional, que é um método um pouco mais lento, com uso de mais paciência, porém mais eficaz. “Há alguns animais que demoram um pouco mais para reagir a esse procedimento e outros são mais rápidos. Mas a média dura em torno de um ano”, enfatizou.

O RPMont é solicitado para atividade de policiamento ordinário em áreas onde o índice de criminalidade é muito alto. “Com ações da presença do RPMont devido à sua ostensividade, a ideia é que naquele período e horário de atuação do policiamento montado, nós consigamos zerar o índice de criminalidade naquela região. Também atuamos nas ações de Choque (Comando de Policiamento de Choque), em dispersões de aglomerações, de manifestações, em grandes eventos e praças desportivas”, detalha o oficial. Ele explica que o policiamento montado, devido à sua especificidade e facilidade de deslocamento com o cavalo, efetua policiamento em parques, praias, em faixas de dunas e areias, em locais onde normalmente o policiamento ordinário tem um pouco mais de dificuldade de executar.

Em média, um animal trabalha de 16 a 18 anos no Regimento da Polícia Montada Coronel Moura Brasil (RPMont), fazendo seis horas diárias de trabalho com um plantão de dois dias de atuação com dois dias de folga. “Após os 18 anos de trabalho, os animais são destinados aos projetos sociais do RPMont. São utilizados tanto no Projeto de Equoterapia, destinado a pessoas com necessidades especiais; como também no projeto social Cavaleiros do Futuro, onde jovens utilizam esses cavalos na prática de equitação”.

O RPMont oferta aos seus animais diversos tipos de alimentação, entre eles a ração concentrada, tanto para cavalos de policiamento como para as éguas de remonta e os potros, tudo vistoriado pelo Departamento Médico Veterinário do local. O manejo alimentar é composto por sal mineral, feno, alfafa e o capim em sua forma natural, além de água sempre à vontade. É importante salientar que existe um fracionamento dessa alimentação durante todo o dia, justamente para proporcionar ao animal uma situação mais próxima da natureza. O cavalo, em sua situação natural, come cerca de 16 horas por dia em pequenas porções. Nós tentamos, ao máximo, aproximar essa situação à nossa realidade do regimento.

O 1º tenente PMCE Rommel Arrais informa que é importante ressaltar a questão da soltura dos animais do RPMOnt: “A maior parte do tempo aqui no regimento, os animais ficam soltos nos piquetes (grandes áreas cercadas). Eles vão para as baias somente em alguns momentos específicos, como para os horários de alimentação ou quando estão de serviço no dia, para facilitar o manejo pelo policial que irá montá-lo”.

Atualmente, o RPMont é uma unidade monitorada para o controle da anemia infecciosa equina (AIE) pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), órgão do governo estadual responsável por promover a segurança e a qualidade alimentar, a saúde dos animais e vegetais e a conformidade dos produtos e dos serviços agropecuários.

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