VIOLÊNCIA

Travesti é espancada até a morte no Bom Jardim

Travesti é espancada até a morte no Bom Jardim
“Suba, suba! Não vai subir, não?!”, bradam agressivamente três homens, em vídeo, enquanto Dandara, sentada ao chão, mal consegue se mover. Ela chora. Um dos homens tira do pé o chinelo e o utiliza para bater na cabeça dela. Chama Dandara de “viado ‘fêi’”. Chutes e tapas vêm de todo lado em direção ao único alvo. A travesti sangra e tenta subir no carrinho de mão enferrujado apontado por seus algozes. Não consegue.
“Sobe logo! A ‘mundiça’ tá de calcinha e tudo”, zomba outro que filma, antes de um quarto garoto aparecer e chutar diretamente o crânio de Dandara. Depois disso, as agressões miram só ali: na cabeça loura-avermelhada que resulta da mistura de cabelo e sangue. Ela tenta levantar. Um quinto homem surge com um pedaço de madeira quase do próprio tamanho e o utiliza para bater repetidas vezes nela, que já não se sustenta. Juntos, os cinco levantam Dandara e a jogam no carrinho. Levam sabe lá para onde. É encerrado com um minuto e 20 segundos o vídeo da tortura.
Circulando em páginas da internet, o assassinato da travesti Dandara dos Santos, 42, agredida até a morte no último dia 15 de fevereiro, no bairro Bom Jardim, em Fortaleza, choca por inúmeros motivos, mas, principalmente, pelo ódio dos agressores e pela banalidade como tiram a vida de alguém que não consideram como igual.