Delegados investigados em operação da Polícia Federal no CE dizem que não foram citados em delação.
Dois delegados da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas foram afastados e uma terceira, transferida.
As delegadas Patrícia Bezerra e Ana Claúdia Nery declaram inocência nesta quinta-feira (14), durante coletiva de imprensa convocada pela Associação dos Delegados de Polícia do Ceará (Adepol). A defesa dos delegados afirma que nenhum deles foi citado na delação premiada do traficante português, preso em 2015, de onde partiu a denúncia, e que eles não trabalhavam na divisão na época dos fatos realtados na denúncia.
Patrícia Bezerra e Lucas Aragão foram afastados da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) e Ana Cláudia Nery foi transferida para um setor administrativo após a operação Veredas, da Polícia Federal, que desarticulou um esquema que extorquia dinheiro de traficantes para que não fossem presos. O advogado dos três entrou com petição para que eles retornem aos cargos.
A Polícia Federal informou que não vai se manifestar sobre os questionamentos levantados pelos investigados na tarde desta quinta-feira.
“Ainda não alcançamos e nem compreendemos a razão de ser de uma operação dessa magnitude contra os delegados, notadamente quando após a operação não se resultou na apreensão de absolutamente nada. É imperioso também consignar que o nascedouro se dá na delação premiada, de um meliante lusitano, que em 2015 teria sido alvo de alguma abordagem ilícita, mas é preciso consignar que nenhum dos três delegados que foi alvo da operação, absolutamente nenhum, atuava na divisão de combate ao tráfico naquele tempo e nem em nenhum dos episódios em que ele havia consignado”, disse o advogado de defesa dos delegados, Leandro Vasquez.
A delegada Patrícia Bezerra defendeu-se ressaltando o aumento no número de apreensões de drogas realizados enquanto esteve à frente da divisão. “Em todos os meus oito anos de polícia, não há nada na minha ficha profissional que desabone qualquer condutaque eu tenha praticado enquanto delegada de Polícia Civil. À frente da divisão de combate ao tráfico de drogas, ao longo do ano de 2017, a gente conseguiu aumentar a apreensão de drogas no Estado em 200%. Fizemos uma apreensão em junho desse ano que foi a segunda maior apreensão de drogas da história do Ceará (…). Cientes disso, nós sabemos que nosso trabalho incomoda muita gente. Incomodou e incomoda diversos interesses. Todo mundo sabe que tem muita coisa por trás do tráfico de drogas”, declarou.
Já Ana Claúdia Nery reforçou que não trabalhava na divisão no momento em que o traficante de quem partiram as denúncias foi preso. “Em 2015 nós não éramos lotados na divisão do tráfico de drogas e mesmo assim fomos alvo de uma operação proveniente de uma delação premiada de um traficante que trouxe, naquela ocasião uma realidade, e que entendeu-se que a gente estava no meio daquela realidade criminosa. Fomos tratados como bandidos. Eu queria deixar claro para os senhores a nossa indignação, porque entraram na nossa casa e nos trataram de fato como se fóssemos bandidos”, lamentou.
Operação Veredas
Além dos três delegados, a Polícia Federal também apontou a investigação de três inspetores e dez escrivães da delegacia especializada.
A Operação Vereda foi deflagrada no último 6 de dezembro, com a atuação de 150 policiais civis e o apoio de agentes da secretaria da segurança. Foram 27 mandados de busca e apreensão, 25 mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor) e 10 mandados de afastamento de funções, com recolhimento das armas e identidades funcionais.
Além dissso, foram apreendidos, durante a operação, R$ 340 mil em espécie, cédulas falsas, armas e aparelhos celulares. Todo o material está sendo examinado pela pericia técnica cientifica da PF.
Segundo o delegado federal Gilmar Santos Lima, que conduziu as investigações, um grupo de policiais lotados na DCTD é suspeito de receber dinheiro de um homem que traficava substâncias anabolizantes de outros países para o Ceará. Os suspeitos são investigados, de acordo com suas participações, pelos seguintes crimes:
Comercialização ilegal de anabolizantes;
Peculato (apropriação ilegal de recursos públicos);
Concussão (vantagem indevida exigida por servidor público);
Corrupção passiva (solicitar ou receber vantagem);
Associação criminosa;
Falsificação de moeda;
Tráfico de drogas.
Fonte: G1 CE
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